Boquita de cereja

As desventuras de uma menina a procura de um lugar seguro

sexta-feira, junho 02, 2006

A vida e cheia de som e fúria

“Mas um dia /.../ eu apareci no parque e Alison estava sentada no balanço com o braço em volta de Kevin, meu amigo. Subitamente esqueci como se fazia para andar. O que fazer com minha vida daquele dia em diante? Para onde ir? No meu desespero cometi o erro mais grave, olhei no meu relógio. Aquela hora, aqueles minutos e também o ponteiro dos segundos parado está gravado para sempre na minha cabeça. E desde estão, meu dia se divide em antes e depois do horário em que Alison me chutou. E foi isso.” (A Vida é Cheia de Som e de Fúria, p.3)

Chegou.
Foi sem que ninguém notasse. Mas afinal não dava para ficar o resto da vida fingindo que não havia nada entre nós fora uma simples amizade. Que não existia uma tensão no ar que, de tão densa quase poderia ser cortada a faca.
O Dia D. O turn point.
Parecia que tudo ia ser igual a sempre. Não foi com nem um pouquinho de surpresa que recebi o telefonema do menino bruxo na tarde de segunda feira me convidando pra sair a noite. Já fazia parte do script, fins de semana com a namorada, dias úteis, conversas existencias comigo ate varar a madrugada.
O carro já sabia ate o itinerário. Boa viagem várzea, oi Bruxinho, passar pro banco do passageiro, bar GB de sempre, uma boemia, uma batida de cajá e ai como tu ta?
E pra variar fechamos o bar. E resolvemos radicaliza e trocar o boteco segundo tempo. Acabamos indo para aquele onde eu fui beijada pelo o menino estelar. Somos muito originais em matéria de bares como vocês podem perceber.
Ficando numa parte de cima do bar que parece mais uma casinha numa arvore. Só nós e o Capibaribe que essa altura já era um velho conhecido. E o papo seguio lento. Embalado por doses de vodca, que iam deixando a conversas mole e o juízo afiado.
Foi depois de muito tempo, quando já tínhamos passados nossa revista semanal pelos nossos sonhos, medos e angustia, que ele vira do nada e fala:
–Estranho o que acontece entre nós
E eu já bem molinha
-Defina estranho
- Sei lá......
Ele dá mais um gole na vodka e pensa. Eu olho o Capibaribe.
- Hoje eu tava dormindo, no fim da tarde. Ai eu acordei e tava passando algo na tv do quarto e eu comecei a assistir meio sonolento. Acho que era uma novela. Só sei que tinha um cara e uma mulher que parecia ser a namorada dele e que tratava ele mal . Ele ficava muito triste. Ai ele parava e começava a pensar em outra garota, que eu acho que era no passado. Ela fazia ele muito feliz. Ela era muito carinhosa com ele e tudo.
- Tá, mas onde você chegar?

Eu sabia onde ele queria chegar. Meu sensor de aranha já tinha deixado todos os meus cabelos de pé e eu precisava ganhar tempo para saber bem onde eu tava pisando.
-Ta ligada que eu tenho um lance.
-Defina lance.
- É uma espécie de relacionamento.... Só que eu não sei se eu tô satisfeito
-Para bruxo. - eu não queria ouvir mais, eu já sabia onde isso ia dar. Eu não vivi anos e anos nessa selva de corações partidos em vão. Alguma coisa a gente aprende. Uma delas é que essa conversas nunca acabam bem.
Mas era tarde para voltar atrás e fingir que não tínhamos entrado nesse campo minado que é falar dos sentimentos . Quando os sentimentos de um para o outro são tão confusos Olhei nos olhos e dele e disse
-O que eu sou sua, Bruxo?
-Como o que você é minha?
- Isso mesmo. O que eu sou sua? Eu não sou sua namorada por que isso eu saberia. Não sou sua amante, ate por que sexo não é o forte da nossa relação. Nem sou sua amiga.
- Porra Carolina, você não é minha amiga?
- Não, não sou não.
- Porra....
-Não escondemos coisas dos nosso amigos, bruxo. Nem ficamos cheios de dedos pra falar coisas simples para pessoas que são somente nossas amigas. Se eu sou só sua amiga pór que não me disse que tinha namorada?
- Você sabe que eu tenho namorada
- Eu sei, mas não por que você me contou .Sei por que eu juntei os pontinhos. E eu não acho que essa coisa de juntar pontinhos caracteriza uma amizade.
-Eu disse a você.
-Disse não. Eu insinuei uma vez e você ficou calado. Isso não é o mesmo que contar.
-Mas ....
- Para falar a verdade eu até te perguntei isso. Antes de nos reencontrarmos a primeira vez eu te perguntei literalmente isso e você disse que tinha apenas uns rolinhos..

Ele realmente parecia que tinha sido pego desprevenido

- Mas é que quando você perguntou não era serio. Ficou depois....

Eu não acreditava nisso. E o pior, sentia que ele ia me magoar ainda mais. E sem avisar ele proferiu a frase que ate agora ta martelando na minha cabeça.

- Sem falar que ela namora comigo mas eu não namoro com ela.

Pronto.
Agora não tinha volta. Ele tinha descido tão baixo que não dava pra fingir que ele não tinha dito aquilo. Porra bruxinho! Eu acreditava tanto em tu . Desculpei internamente todas as tuas mancadas. Argumentei com a voizinha que dizia na minha cabeça.- Ele não é mais aquele cara pelo qual você se apaixonou. Ele agora é um babaca.
E eu o olhei com uma cara de dor tão grande. Que ele ficou serio. Eu disse.

- Eu não estou com saco pra essas babaquices, sinceramente. Porra, esse caminho que você escolheu é foda.
Ele olhou no meus olhos.
-Eu acho que ta tarde, é melhor irmos embora.- falou
-Também acho.
Levantei, peguei o cigarro e desci o mais rápido que eu consegui a escadinha que levava ate a saída do bar.
Atravessei a rua sem olhar se ele tava me seguindo ou não. E só ao chegar no carro lembrei que a chave tinha ficado com ele. Merda! Fiquei encostada no carro sem olhar para o bar. E ele demorou um tempo para chegar onde eu tava.
- Você podia ter sido atropelada pela maneira que atravessou a avenida.
-Pois é. Graças a Deus que já passam das quatro e não tem nenhum carro a quilômetros . E se tivesse ia ser um fato tão inusitado que eu teria percebido.
- Por que que você ta tão braba?
- Me dá a chave que eu quero ir pra casa.
- Eu dirijo.
- Então vai logo.
Entrei no carro sentei no banco do passageiro. Coloquei os pés no painel e virei uma conchinha. Não queria que ele visse o quanto tinha me magoado. Não queria que ele visse o quanto ele era importante para mim.
- Eu queria entender por que ficou tão puta.
- Porra cara. Como você não entende? O que você queria de com aquele papinho.
- Que papinho?
- Aquela historia da novela.
- Eu só queria te contar uma coisa estranha que aconteceu........e que eu tava só pensando..............
- Ta bom. Mas você começou a falar dizendo que existe algo entre nós estranho. e vem com esse papo , o que você queria dizer com isso ?
Ele realmente não sabia o que dizer. Tomou o cigarro da minha mão. E pediu o isqueiro.
- Eu não sei onde ta a porra do isqueiro.
- Então ascende um pra mim no isqueiro aí do carro.
- Eu não sei onde fica a porra do isqueiro na porra desse carro.
- Procura caralho.
Eu fui procurando o isqueiro enquanto ele dirigia puto fazendo valer cada válvula do motor do Honda.
Então eu falei e na verdade eu não queria falar por medo que a dor fosse ainda maior, mas algumas coisa na vida quando são começadas tem que ser levadas ate o fim. Essa era um delas. Não dava pra voltar atrás.
- Porra bruxinho, você sabe que eu ia acabar me magoando com esse conversa.
- Sei não. Não acho que você tenha motivo
- Porra caralho! Você sabe que eu sou apaixonada por você. Como tu acha que eu ia sentir tudo isso?!
Se já não bastasse toda a dramaticidade do momento, na hora que eu falei isso, a ponta do cigarro que eu tentava ascender no isqueiro do carro caiu no meio das minhas coxas e eu dei um pulo e quase parei pro banco de trás. Isso mais toda vodka que nos consumimos e os 120 quilômetros por hora em que o carro se encontrava fez com que ele perdesse o controle e derrapasse e só encapasse de bater em um poste por que junto com as 16 vauvulinhas o carro possuía um ótimo sistema de abs.
Ficamos em silencio nos recuperamos do susto. Não sei se, do que passamos pelas imperícias ao volante, ou o que aquelas minhas palavras ditas de uma forma tão direta provocaram. Não dava mais pra fingir.
Foi ele que quebrou o silencio.
- Eu não sabia disso.
-Lógico que você sabia. Eu lhe disse.- falei lenta e calmamente. Parecia que aqualquer momento as palavras podiam abrir feridas ainda maiores.
- Sabia não. Porra, você nunca gostou de mim.
- Eu te disse, no dia que eu tava indo embora.
- no MSN? Eu achei que tu tava brincando..
- Não bruxo, eu falei pra você que eu gostava de você. Na verdade eu falei com todas as letras que eu era afim de você.
Ele ficou em silencio
-Não fala que tu não sabia .....isso é muito covarde da sua parte.
Pela primeira vez ele virou e olhou para mim. Eu estava olhando direto nos olhos dele. De uma forma que desafiava ele a discordar do que eu tinha dito. Eu tinha juntado todo o resto de amor próprio para segurar aquele olhar. Ele perguntou sem tirar os olhos de mim.
- Você acha que eu sou covarde?
E eu ainda segurando o olhar e rezando para aquela lagrima que estava no canto do meu olho ficar no canto dela e não teimar em cair, disse a única coisa que eu podia naquele momento . Eu tinha ido longe demais pra voltar agora

-Acho.

Então ele olhou dentro dos meus olhos.
Depois olhou pra frente e colocou o carro em movimento. Eu também não tive mais coragem de olhar pra ele. As lagrimas que esperaram pacientemente um momento mais discreto para descer, seguiam agora o seu caminho em direção ao meu queixo. Mas eu chorei em silêncio. E durante todo o percurso ate a casa dele nada mais foi dito. Nenhum olhar foi trocado. Não tínhamos mais nada pra dizer naquele momento. Então a rua dele chegou. Depois a frente da sua casa. Ele virou pra mim e disse. Com mais raiva do que queria deixar que eu percebesse.

- Você vai embora, ha muito tempo. Eu sempre tô aqui. Ai você casa, você tem um filho. Um belo dia você descobre que ta apaixonada por mim. O que você queria de mim Carolina, o que você pensa?

Eu fiquei calada por alguns segundos. Ele desceu do carro. Eu pulei pro banco do passageiro e ele se abaixou na janela. Eu ia falar, eu ia me defender mais ele me calou e disse:

- Melhor você ir embora. É perigoso ficar parado aqui essa hora.

E com isso como se não houvesse mais nada a ser dito me deu as costas e se afastou.
E eu fiquei parada dentro do carro. Meu corpo todo tremia. Eu tava confusa demais pra pensar. Eu só conseguia tentar me obrigar a colocar o carro em movimento. E quando eu finalmente consegui, foi cantando os pneus e levantando uma nuvem de poeira. Segui numa marcha alucinada pela avenida Recife. Cruzando os sinais vermelhos e pouco ligando para o limite de velocidade.

Endless Empty Maze Despair, Distress And Silence A Poison Vacuum, Infinity Life, Lies, Deceit Mute Souls End In Silence Oceans Tainted With Blood Empty Promises Of Hope Buried Deep, Infected Ground

Aumentei o volume, Arise sempre me leva a um lugar mais seguro. Estava comigo nos incertos dias em que o céu colorido da infância dava seus últimos suspiros. E nevoa das incertezas de uma vida bem mais complexa, de repente se estendia como um tapete a minha frente . Quando eu vi que não dava pra fugir.....e que não dava para voltar para segurança da inocência .Que o mundo é cinza e é nele que tinha que viver dali em diante. Naqueles confusos momentos onde não somos mas tão cegos nem ainda tão cinicos.
Então eu lembrei de Macbeth.

“...A vida é só uma sombra: um mau ator. Que grita e se debate pelo palco.Depois é esquecido; é uma história que conta o idiota, toda som e fúria. Sem querer dizer nada.”

No final isso é tudo. Somos os idiotas nos debatendo. Iludidos acreditando que toda a dor da nossa vida tem alguma importância.
Mas não.
E tudo som, fúria e nada mais.

quarta-feira, maio 31, 2006

Dona Maria do Carmo

Como estava em Recife e minha mãe badalando pelo jet set nordestino, agora que eu virei mãe e tenho que manter os valores familiares, resolvi comer o famoso almoço de domingo junto com minha vó e conseqüentemente, bisavó de Sebastião, Dona Maria do Carmo de Almeida Duque
Foi tudo ótimo. Passamos a tarde espalhados no meio de tapetes de 20 cm e bibelôs caríssimos. Minha avó é realmente uma figura interessante. Um paradoxo.
Dona Maria do Carmo sempre foi meu ideal de mulher chic. Até quando começou a ficar mas fraquinha eu tinha a impressão que ela acordava, penteada, maquiada e de meia calça. Ela viajava para o Egito e para Paris e tava chic, tanto encima de um camelo, quanto olhando exposição no Louvre. A casa dela sempre foi impecável, e ela sempre recebeu as figuras mais ilustres para almoços e coquetéis Eu passei grande parte da minha infância lá. Devo a ela o tico da educação que eu tenho.( Desculpe mamãe, eu quis dizer alem do que foi me dado pela sua ilustre pessoa, que cada dia abrilhanta mais as altas rodas da peruagem pernambucana)
Vocês devem esta se perguntando. Onde esta o paradoxo?
Nesta casa palaciana, de costumes tão austeros,as crianças sempre foram totalmente bem vindas. Pra falar a verdade, eu não sei se qualquer criança, pelo menos os netos. E agora Sebastião.
Fazer guerra de travesseiros caríssimos? À vontade. Comer metade dos docinhos que estavam sendo feito para os convidados? Liberado. Brincar de forte apache em tapete persa? Por que não? Era tão engraçado vê meu avô, com toda sua pompa de desembargador, saindo pela casa com um rolinho de durex, pregando pelas paredes, ao lado de pinturas em molduras douradas, nosso desenhos de foguetes, casinhas , corações e declarações de amor de Vovó eu te amo. E nós como picassos miniaturas, estufávamos o peito e achávamos que nossas obras estavam realmente contribuindo para a elegância da morada.
Só tinha dois lugares onde não era permitido a entrada infatil. O gabinete do meu avo. Onde pendiam livros por todos os lados e onde estava essa mesa onde esta meu computador agora e que me lembra tanto ele, e a famosa sala de visita.
Essa sala de visita era muito chic e ficava fechada a maior parte do tempo. Era resevada para traseiros ilustres e nossas bundas infantis raramente eram convidadas a sentar naquelas poltronas fofas..
Eu e meu primo Fael, companheiro de estadia na casa dos Duque, ficávamos de vez em quando com um nariz na porta de vidro, olhando estatelados, entre uma brincadeira e outra, aquele lugar que tinha uma áurea meio mágica. Lá havia um cheiro peculiar que sempre me intrigou e mais tarde eu descobri que era de wisck e de licor. Eles ficavam num carrinho em um canto, em lindas garrafas de cristal. Eu e Fael jurávamos que eram feitas de diamantes .
Pois é. Depois que meu avô morreu, minha vó mudou pra um apartamento. Não tão grande quanto a casa, mais de uma forma ou de outra preservou a pompa. E foi só quando tiãozinho começou a dar seus primeiros passinhos de quatro por aqueles tapetes, que eu comecei a me lembrar de tudo.
Agora era eu que ficava nervosa, com medo que aquelas mãozinhas gordas quebrassem alguma coisa. E minha vó atrás de mim.
-Deixa ele, tadinho. Ô meu filhinho. Você quer tocar fogo na casa da vovó, coisa fofa?. Saia daqui sua mãe chata. Deixa o bichinho se divertir.

E ai Sebastião pegava o sino de prata usado para chamar a copeira durante as refeições e atirava longe. Minha vó ria de se acabar.

-Olha como ele é forte.

Tiãozinho arrancava o badalo do sino de tanto bater com o mesmo na mesa.

- Que bonitinho. Vai ser Músico que nem o pai Toque meu filho, toque o sino na mesa, se quebrar o motorista conhece um velhinho a uns cem quilômetros que concerta direitinho. Que besteira. Trabalho nenhum, Seu Ricardo está aqui pra isso.

Pronto. Conhecia bem esse roteiro. Só que antes a mãe em pânico era a minha. E o pior, dona Carminha era sogra dela.
Coitada.
Pois é. Eu cresci assim. E foi muito bom passar com minha vó maluca a primeira páscoa de Tiãozinho. È por que ele é muito novinho e ainda tem a dieta muito restrita, mas se Deus quiser ano que vem ele vai passar as mão sujas de chocolate nas cortinas. E minha vó com certeza ficara encantada..

Adolecencia

Adolescência

As referencias de cada pessoa são coisas totalmente pessoais.
Cada um tem uma imagem do que é adolescência. Para alguns é espinhas. Para outros bailinhos. Para os mais idiotas, racha de carro. Para os mais nerds concursos de matemática.
Para as mais apressadas, um bebê. Para os mais roqueiros, Ramones.
Para mim nada mais representa ser adolescente do que dá um amasso numa cama de solteiro.
Pois é. Só virei adulta quando eu comprei minha primeira cama de casal. Não teve carteira de motorista, emprego, vestibular, perda da virgindade nada. O que fez eu me sentir gente grande mesmo foi ter que parar de me espremer com um carinha em míseros 90 cm de largura.
Eu comprei a minha primeira cama de casal na rua do Aragão. Foi um evento. Eu já tava namorando um menino há meses, e naquela época, nos meus parcos 17 anos recém completados, isso equivalia a um casamento. Eu tinha acabado de passar no vestibular e como presente( não tinha carteira de motorista ainda), eu ganhei uma cama.
Na verdade o que eu tava ganhando naquele momento era o direito de dormir com meu namorado em casa, de ter oficialmente uma vida sexual. Por isso a solenidade do momento. Foi a família toda. E eu voltei de lá com uma cama enorme para os meus padrões da época, toda em embuia maciça, com um baú atrás e duas mesas de cabeceiras.
Daí em diante começou minha vida de adulta mesmo.
Depois fui morar em São Paulo. Alone. Claro que tinha uma cama de casal né? Você conhece alguém que mora sozinho e dorme numa cama de solteiro. Se conhece, fuja dele. Essa pessoa é o maior perdedor do mundo. E mesmo se eu saísse com carinhas que ainda moravam com as mães, acabávamos sempre indo pra minha casa por motivos óbvios.
Algum anos depois
Era sábado. Tava um dia lindo e o sol surgira radiante para apagar aquela noite tão confusa que eu passara com o menino bruxo. E fácil dissipar magoas quando acordamos e damos de cara com aquele marzão. Todo mundo feliz andando no calçadão. Todo mundo jogando vôlei, tomando picolé de biquíni. Só sendo muito do contra pra sucunbir a pensamentos destrutivo numa paisagem desta.
Então eu empurrei toda a dor pra embaixo do tapete, coloquei um vestido longo preto no melhor estilo.Sylvia de Fellini e decidida fazer da minha uma doce vita ,segui para a casa do menino estelar.
Os pais deles estavam na praia. Ele tava sozinho no apartamento e me chamou para ir lá, fumar um baseado e ouvir um som. Coisa mais 17 anos né? Enquanto eu vagava de mansinho pelas ruas desertas de uma cidade ensolarada em pleno feriado cristão, fui tendo uma sensação nostálgica. Lembrei de quando rezava dia e noite para meus pais viajarem nos fins de semana e assim que eles dobravam a esquina, minha casa era invadida por uma horda de delinqüentes juvenis, os quais eu denominava amigos e pasavamos 2 dias nos agarrando, bebendo e fumando maconha, comendo macarrão com salsicha e claro ouvindo metal no ultimo volume.
Bons tempos aqueles. E o legal era que sempre o pai de alguém tava viajando, então nessa vezes eu fazia parte da horda de ôgros e me alojava na casa do sortudo com parentes ausentes. Fui sendo tomada por esses sentimentos e já na ponte da torre, me senti novamente como se eu trajasse minha sainha preta, meus coturnos e minha camisa do iron maiden. Tudo bem que se eu tivesse ainda 16 anos, eu estaria numa parada de ônibus, sob o sol escaldante, esperando o casa amarela nova torre e levando na mochila vinho ruim e quente. Agora eu tô num Renault 16 válvulas com ar- condicionado e levando cerveja Premium , vodka boa e tira-gostos metidos. Mas porra. Tem que ter alguma vantagem em envelhecer né?

Devo confessar que eu tava meio nervosa de ir na casa do menininho. E nem era por que eu achava que ia transar com ele nem nada. Eu sabia que eu não ia. Não por pudor(Tão loucos?) Eu tava menstruada, e mesmo sabendo que rola transar neste estado, só quando você já ta praticamente casada né? Não assim de primeira. Erca. Que papo nojento
Mas o nervoso era por que eu tava meio confusa sobre a minhas reais intenções para com a sua pessoa. O que eu queria dele? Eu tava com medo de deixar ele achar que tava me apegando a ele . Eu gosto dele. Serio. De um modo estranho mais gosto. Só que eu gosto mesmo do menino Bruxo. E por mais que eu me sentisse magoada, confusa a seu respeito, não conseguia tirar o idiota da minha cabeça.
Ele pareceu realmente feliz em me ver. Colocamos tudo na cozinha e sentamos na sala. Tava tudo meio estranho. Apertamos um baseado. E mesmo assim não quebrou o gelo.
Não era só a cerveja e os petisco que tinham mudado com o passar dos anos. Eu não era mais aquela. Eu só pensava que a mãe dele podia chegar, e não pelos mesmos motivos que quando eu tinha quinze anos . Na época eu ficaria puta pela coroa ter estragado a balada. Agora eu ai ficar passada. Eu tava na casa de uma pessoa que não tinha se quer me convidado, fumando maconha na sala sem autorização do proprietário, trazendo bebidas alcoólicas com intuito de fazer uma festinha clandestina e perturbando os vizinhos com Steve Morse no ultimo volume. Realmente eu não tinha mais idade pra isso.
Mas fazer o que? Como quem ta na chuva é pra se queimar. Resolvi ficar totalmente louca para ver se a loucura adolescente voltava a habitar esse corpinho que vos fala. E deu certo. Começamos a relaxar. A coisa foi fluindo e de repente foi me dando uma coisa. Uma vontade de agarrar ele. Mas eu sabia que não podia rolar nada então deixei quieto.
Foi quando ele veio com a frase mais clichê do mundo.

-vem ver um negocio no computador do meu quarto.

Nossa. Quantas coisas já fomos ver nos quarto das figuras. Coleção de gibi. Disco do carcas. Aquário. E o mais engraçado é que por menor que fosse o lance, nunca dava pra trazer pra sala. Podia ser um dedal, que tinha que rolar uma visita a alcova do cidadão. Mas eu nem posso falar muito. Tem um poster do Dream theater que já foi muito visitado no meu quarto. Minha coleção do Rex Stout idem.
Fiquei sem entender muito bem o que ele queria fazer no quarto. Ele sabia que não dava pra transar então........E foi no meio desse pensamento que me deparei com a verdadeira volta as origens. O quarto dele tinha uma cama de solteiro.
Claro Carolina, o que você tava pensando? O menino mora com os pais. Ainda por cima divide o quarto com o irmão, que apesar de ter começado uma careira de rock star, ainda tem sua caminha bem bonitinha lá naquele que vai ser sempre o seu lar. Você achou que iam ter duas camas de casal por acaso?
E ai aquela sensação que eu era uma menina um tanto quanto revoltada um tanto quanto esperta um tanto quanto inocente foi voltando e me tomou completamente. E começamos o ballet que se faz necessário quando duas pessoas resolvem ocupar um espaço tão pequeno. E foi tudo fluindo tão bem. Foi tudo se encaixando tão certinho. Porra, eu era boa nisso. Descobrir que dar um amassos em cama de solteiro é igual a andar de bicicleta. E sendo assim eu queria dizer que na minha época eu podia ter participado do X-games nessa modalidade agarristica.
É sabe o que mais? Foi muito bom. Mas o melhor de tudo foi que eu descobri outra coisas que nos, pessoas vividas esquecemos. Que o beijo não é simplesmente a enrrolação antes de tiramos a roupa. Falem a verdade. Se vocês estão com os respectivos e por algum motivo vocês sabem de ante mão que não vai rolar sexo o que vocês fazem?
Pode ate da uns beijinhos coisa e tal, mas rapidinho vão colocar um filminho, abrir um vinho, jogar war, paciência, qualquer coisa. Não nos damos conta do que perdemos. Nem lembramos.
Voltei pra praia de boa viagem bem mais leve. É bom quando surpresas aparecem de onde nem imaginamos. Nunca pensei que o garoto seria capaz de desfazer a confusão causada na minha cabeça pelo menino bruxo.
Quanto a minha sainha e o cortuno. Acho que prefiro minhas roupas mais bem acabadas da atualidade. Não que meu guarda-roupa não tenha lugar para uma boa doctor mártir(?). Abaixo o vinho ruim, e viva a absolut.
Mas quanto aos beijo, quero ter 15 anos sempre

Mc lanche do capeta

Tudo começou assim.
(musiquinha do celular)
– Alô- eu atendo
- Onde você ta? – Voz do menino bruxo.
- Estou passeando com Tião, por que?
- Eu tô quase chegando na tua casa.
Como Assim!!!!!! Já penso em pânico.
Ta vendo?! Aquela teoria que ficar em casa esperando o dito cujo ligar, espanta o meliante ta mais que comprovada. Só por que eu resolvi levar o Tiãozinho para alimentar os patinhos do outro lado da cidade o cidadão alem de ligar, ta indo pessoalmente na minha provisória morada..
-Mas você ta louco? Por que você não me avisou?
-ah , Que eu acabei de resolver umas broncas mais cedo e achei que eu podia ir na sua casa cozinhar uns camarões pra você. Tu vive falando que eu nunca mostro os meus dotes culinários. Você não disse que ta sozinha em casa?
-Então, mas é que eu tô meio longe....
-Eu tô com duas garrafas de vinho espanhol e minhas facas de chef no carro.
-Tô em casa em 15 minutos
Vamos falar a verdade. Quantas vezes o cara que você é afim liga pra você dizendo que ta indo pra sua casa preparar um jantar a dois e ainda levando vinho?
Por isso, coloquei tiãozinho na sua cadeirinha e atravessei a cidade numa guerra entre o medo de colocar a integridade física de Sebastião em risco e a minha vontade de furar os 45 sinais vermelhos.
Entrei na garagem do prédio e vi ele olhando o mar sentado no calçadão. Tomei banho em 3 segundos liguei no celular e quando sai na sala ele já tava no sofá, Com um copo de w na mão (Elma a copeira da minha mãe é tudo na vida de uma pessoa) e Etta James tocando ao fundo. O filha da puta sabe que eu amo Etta James.
- o que deu em você bruxinho?
- Ah eu tava na área. E você queria que eu cozinhasse pra você não queria? Então onde é a cozinha?
- Mas são cinco e meia. Você não acha que está meio cedo para fazer o jantar. O que você vai fazer, faisão rotte? Então estamos 36 horas atrasados, no mínimo.
- É que eu não vou poder demorar muito...
- Como assim? Ta pensando num jantar quarteirão com queijo? Não entendi?
- È que eu estou com o carro da minha mãe, o meu acabou não saindo e eu tenho que buscar ela numa festa......Sabe como é..........
- Sei não..............mas fala mais que eu pago seu lanche*................(calma gente, eu só pensei, não disse nada)
- E eu acho que essa festa vai acabar umas 9:30. Então eu tenho que ir buscar ela , ela vai me ligar.
- Então vamos fazer assim. Por que você não vai lá, pega a tia, deixa ela em casa e vem pra cá fazer uns camarões pra mim? Afinal você sabe que camarão não pode ficar mais de 7 minutinhos no fogo se não fica borrachudo. Quando você chegar, a noite ainda vai ser uma criança...
- Não dá....é que eu acho que quando sair dessa festa minha mãe vai querer ir pra outra
festa, eu sei como são essas coisas......
_ sei sei.....

E sei mesmo. Porra esse cara ta pensando que eu sou trouxa. Nós nos conhecemos a tanto tempo. O que deu nele. Ele pegou o telefone e esta ligando pra alguém enquanto eu fui buscar os cálices e o saca rolha.

_(sem perceber que eu estava ouvindo).......pôxa, tá tudo certo, eu tô aqui na casa de um amigo meu Alexandre, aqui no centro, qualquer coisa me liga......

E notando que eu tinha voltado.

-Eu falei pra minha mãe que eu tava em outro canto pra ela não achar que eu tava muito longe.

-E o coelhinho da páscoa trás ovos de chocolate que ele fabrica na coelholandia? Era tão esfarrapada, tão esfarrapada essa historia que juro, amigos ouvintes, eu não consegui dizer nada. Acabamos optando por fazer uns belisco para acompanhar enquanto bebericavamos nosso vinho . E o absurdo das coisa transformava tudo em algo surreal. Eu me sentia dentro de um aquário. Eu olhava para cara dele e achava que a qualquer momento ele ia abrir a boca e soltar bolhinhas
Glub...Glub

Ficamos falando besteira. O papo sempre é maravilhoso. E aos poucos a ficha foi caindo. Gente!!Ele está levando complexo nunca fui beijada a serio?! Vocês sabem do que eu tô falando né? Não? Então deixa eu explicar melhor

Vocês já devem tem assistido ao filme never be Kiss. A heroína sofria booling na escola e depois de velha tem a chance de voltar a freqüentar a sala de aula como repórter disfarçada. Ela encara isso como a grande chance de apagar o passado. De criar uma nova persona.
Eu acho que esse filme faz tanto sucesso por isso. No fundo todo mundo tem essa fantasia.
De ter a chance de se reinventar. Todo mundo já pensou em quando chegar em um novo emprego, ou colégio, cidade sei lá, virar uma menina salada, ou uma gatinha mistério. Eu conheço gente ate que mudou de nome, ou melhor de apelido. Porra, se desse certo ia ser massa. O problema é que nunca dá. Acabamos com nossa imagem forçada em dois tempo. Basta passarmos no primeiro self service que tenha bife parmegiana e pronto. Fudeu. É só irmos com nossos novos amigos no primeiro bazar para que nossa pessoa descontrol venha a tona e todo o esforço que fizemos para forjar uma áurea de sofisticação vai pro saco.

Mas é isso. Descobri tudo. Ele chegou da Espanha querendo forjar uma áurea de homemcanalhadenegociosmeiovivido. O problema é que eu conheço ele a muito tempo. Eu conheço ele desde quando ele era mais um guitarrista de cabelão, tenis all star e de camisa do morbid angel . Não dá né? E o pior é que ele é o cara mais atrapalhado para desenvolver relacionamentos paralelos do mundo. Porra, eu posso ta casada, ter um amante e ainda botar chifre nos dois que eles não vão nem sonhar.
Vou começar uma campanha.
Pela canalhice profissional!!!!!
Esse mercado fica cheio de gente amadora e dá nisso! Quando se é profissional fica todo mundo satisfeito. O cara tem 3 mulheres e faz todas elas se sentirem o máximo. E elas nem em sonho acham que ele pode ta traindo elas, botam a mão no fogo por eles. Pergunta a qualquer dos meus namorados se eles já acharam que eu estava sendo infiel alguma vez??
Pois é, sou uma santa.
O pior é que foi me dando uma vontade de dizer. Porra cara, eu sei que tu tem namorada. Mas é que eu gosto de tu que só e se eu quisesse casar e constituir família eu tava com o pai de Sebastião. Mas sabe como é que é...O gabiru é grande, a coisa ta ficando complicada, não da pra rolar um sexozinho sem compromisso? Eu juro que eu não conto para sua gatinha...
Mas eu sou uma menina tão educada que não falo bulhufas e tenho que ficar agüentando essa lenga lenga..e o cara falando todo aquele papinho pré sexo. Arte moderna, culinária, bandas londrinas.......sonhos , desejos.........
Então as nove e meia em ponto o celular toca e ele fala que vai embora. Eu penso em dizer que eu nunca vi um fim de festa tão pontual quanto esse da mãe dele. Mas calo. Se ele quer brincar disso deixa, ele coitado.
E o pior é que ele acha que ta me respeitando.
E o pior do pior e que cada vez mais eu vejo que eu gosto dele pra caralho.
E o pior do pior do pior ainda é que eu sei que ele vai me ligar novamente por que eu sei que ele também gosta de mim pra cacete.
Mas o pior mesmo. È esse vazio que fica quando ele bate a porta e eu vejo que ser civilizado é uma merda. E que elesempre ensaia grandes gestos , cenas quentes que no final se mostram apenas levemente mornas e eu engulo tudo, sofisticadamente.
Mas ruim de verdade é que o meu jantar espanhol acabou mais pra mc lanche do capeta

segunda-feira, maio 22, 2006

Limite

Ta bom gente, pode esculachar!
Eu tava carente. O menino Bruxo tava afim de foder só com o meu juízo. Estou até desconfiada que ele só é publicitário nas horas vagas. Que a verdadeira profissão dele é me enlouquecer.
Então por tudo isso e mais o fato que eu viajei 2840 quilômetros para dar enlouquecidamente. Adivinhem?
Pois é. Nessa quinta feira da paixão( sugestivo né?), resolvi sair com o menino estelar.
Calma, desta vez eu tomei as devida providencias. Íamos nos encontrar na minha casa. Alias, na casa da minha mãe, que foi como sempre pra Fernando de Noronha. Estávamos seguros. Ou melhor, minha reputação estava .
Aprontei tudo. Coloquei Tiãozinho na cama. Falei pra babá não ir na cozinha e fechei a porta que separa a parte social da parte intima do apartamento( ser chic é foda) Vesti uma mini saia,(obvio) e fiquei esperando o moço.
Ele chegou 3 minutos adiantados como bom nerd.
Já pararam pra pensar que quando não estamos afim do carinha ele chega na hora, retorna sua ligação, liga espontaneamente, é gentil, atencioso, elogia e principalmente, não passa mensagens dúbias? Ou será que não ficamos afim deles exatamente por isso? Será que isso nada mais é do que o reflexo das nossas mentes doentes, alimentadas pelo pensamento romântico de que amar é sofrer, e confundimos expectativa com paixão? Ou então, nos somos tão loucas que acreditamos piamente na frase que não me recordo quem disse: “não freqüento clube que me aceita como socil” . Bem, isso é uma coisa que faz pensar não é? Por isso que eu rapidamente tirei da minha cabeça. Eu não queria pensar eu queria dar. Então não podia perder tempo com coisas supérfluas como ficar pensando.

- Vamos botar um som?
-o que você quer ouvir
-o que você tem de bom?
- Que tal esse do jeff beck
- Ótimo

Fomo s pro sofá.

- Puxa, que bom que você me chamou aqui.
-Humhum
-Legal esse apartamento
-Humhum
- Que vista massa - ele diz isso e se levanta e vai ate a janela.

E eu já começo a ficar ansiosa. Será que eu virei um repelente de homem. Ele volta pro sofá, senta e come umas frescurinhas que eu tinha feito e deixado numa bandeja na mesa de centro.

-Bom esse negocio aqui, como chama?
-Queijo
- Não, o nome do queijo.
-Hum....Ronaldo.
- O nome desse queijo é Ronaldo??????
-Ah sei lá....Você quer mesmo saber?

Porra. eu lá queria ficar falando sobre tipo de queijo? Eu tinha chamado ele para vir aqui por causa dos hormônios que, conta lenda, quando você ainda esta praticamente adolecendo, fazem o individuo ficar um maníaco sexual. Não pra discutir os sub produtos da vaca.

-Você ta chateada?
-Eu? Não, tô adorando.
-Onde é o banheiro
-Primeira a esquerda

Sou eu.
O problema é comigo, não é possível. Eu afasto os homens. Tenho certeza Será que de uns tempos pra cá eu tô fedendo? Será que ninguém me contou que depois que você é mãe, junto com uma áurea de serenidade e a propriedade para discuti sobre mamadeira, sarampo etc você também ganha um fudum do cão? Ninguém me avisou isso!! Gente não é possível. Um nerd, quase adolescente não quer me comer. Esse tipo de gente bate punheta pra boneca barbie! Calma Carolina respira. Você tomou banho. Passou desodorante, perfuminho. Não deve ser isso. Temos que mudar de tática.

-Tem um cisco no seu olho.
_ o que?


Pronto beijei.
E graças a Deus que a impressão que ele beijava bem pra caramba foi se confirmando. Ficamos nos beijando, nos beijando, tava ótimo mas aos poucos eu fui sentindo falta de alguma coisa que eu nem tinha me dado conta. Eu já tava quase tendo uma câimbra no maxilar e meus peitos estavam intactos, meus sutiã no lugar e minha saia estranhamente ainda repousava sobre minha coxas e não perto do meus pescoço onde era o seu lugar numa situação desta. Isso que dá agarrar pirralho. Eles estão tão acostumados a ouvir: para, tira a mão daí, que nem tentam mais por respeito. Porra, já não basta fazermos depilação, tira-gosto, rir de piada sem graça ainda vamos ter que fazer o trabalho deles?
Mas com a minha colaboração a noite ate seguiu bem. O negocio esquentou e parecia que tudo se encaminhava pra o desfecho esperado. Foi quando Malmsteen começou um solo mais trabalhoso, na sua clássica black star, que tudo começou a desandar.
O mancebo para no meio da atividade , senta e diz:

-Ouve isso
Já fico em pânico achando que tiãozinho esta chorando
- O que?
-Esse solo. Olha essa parte.-E começa a digitar com os dedos.-Porra, agora o cara bota pra fuder.......

Eu não tava acreditando. Devia ser praga do pai de Tiãozinho. Debito com o criador. Alguma coisa assim. Comecei a achar que era melhor deixar pra lá esse negocio de sexo.
Tem tanta gente que vive sem e é feliz? Eu não conheço nenhuma, mas eu não conheço nenhum, paquistanês e isso não que dizer que eles não existam. Então? Acho que vai da certo. Até por que, já tava achando que ia ser o jeito mesmo.

- Vamos ouvir Ramones?
Boa essa, Carolina. Ramones não tem solo. As musicas são todas iguais. Perfeito.

-Eu odeio Ramones

SGRISTCH( barulho do disco parando em cima da agulha) PARA TUDO!

-Como assim não gosta de Ramones?
-não gostando.
-Mas você não gosta de Ramones assim..como sua banda favorita....no seu top 10 ou o que?
- Não, eu acho Ramones um saco.

Não galera, não dá. Eu sei que nos temos que ser tolerantes. Que gosto é uma coisa pessoal. Que não podemos julgar uma pessoa, mas tudo tem limite. Eu tenho uma teoria a respeito do Ramones. Só uma pessoa muito chata. Burra, canalha pra não gostar de Ramones. Pra mim o mundo se divide em pessoas que gostam e que não gostam de Ramones. Você pode ouvir metal, e gostar do Ramones. Eletrônico e gostar do Ramones. Você pode ate gostar de Los Hermanos (eca) e mesmo assim gostar do Ramones. Como alguém pode não gostar dos Ramones?! Eu acho ate que devia ate constar em entrevista de emprego, teste do detran, eles colocariam uma musica. Se o camarada não balançasse pelo menos o pezinho, tava reprovado. Não podia ser boa coisa.

-Mas você não gosta nem um pouquinho?
-Detesto. Na verdade eu detesto qualquer banda de hard core, detesto Nação zumbi, cordel e qualquer banda que remotamente seja ligada ao que algums chamam de mangue e as offmangues também.
E já com medo perguntei:
-Fora metal, progressivo, blues você gosta de alguma coisa?
-Não. E pra mim todo punk é viado.

Foi demais. Eu sei que eu tava no rato. Que nessas horas se o cara xinga até sua mãe você releva, mas tudo tem limites.

-eu acho que Tíãozinho acordou..
-Tô ouvindo nada
-ah mas essas coisa só mãe ouve. Sabe como é, instinto.
-E a babá?
-Largou as 3 e são 3 e quinze
-mas onde eu vou uma hora desta?
- Que tal andar no calçadão

Sem comentários. Carmelitas, ai vou eu.

terça-feira, maio 16, 2006

Dicotomia

Recife, 12 de abril

Dicotomia *

O certo seria o cenário sempre combinar com a ação. Ou pelo menos travar uma relação onde a estranhesa contribuísse de alguma forma com o enredo. Eu gastei quatro anos numa faculdade de cinema, eu sei do que eu to falando. Por isso eu tenho consciência que tudo isso seria suficiente para a demissão sumaria de toda uma equipe. Do roteirista ao montador. Era ridículo. Tínhamos o rio, o vento, bossa nova suave tocando ao fundo. Duas pessoas apropriadamente de sexos opostos e heterossexuais, vale salientar. Ate Deus colaborava com tudo e mandava um por do sol de folhinha, como diria o Nelson, com direito a revoada de pássaros e tudo. Era tudo tão clichê que esperava a qualquer momento ouvir a voz do diretor dizendo: Corta! Valeu.
Mas acredito que o roteirista era do time de Tarantino e os diálogos não tinham nada a ver com o cenário. Falávamos do tempo, de trabalho, do programa que tínhamos acabado de gravar, do próximo... Eu via a hora um pato subir no píer, colocar a mão na cintura e falar:
O que vocês tão fazendo com o nosso trabalho é um insulto!!! Eu ia me levantar e gritar: Também acho! Também acho!
Mas não........
O barquinho foi.A tardinha caiu.

Ele diz:
- Não daria certo. Você é uma menina de muitos amores. Eu ainda nem sei se eu tive algum...
E o que uma mulher pode dizer numa hora dessas?
Pensando bem eu podia ter dito...
- Porra, então eu sou a pessoa certa pra te mostrar como é.
ou
-Só se precisa de um, na verdade. Um que dure pra sempre.
Ou uma das milhares de frases que passaram em um segundo pela minha cabeça.
Mas preferi sorri, olhar de canto de olho e deixar que o Tom dissesse por mim...

Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho.

................

-Sabe essa musica que ta tocando. Do Zeca Baleiro?
-sei -ele diz parecendo saber mesmo
- Esse lance de não querer medir a altura do tombo...De não querer passar agosto esperando setembro..........Eu acho que eu sou assim.........Eu sempre quero voar mesmo que as asas não sejam muito seguras......
- Ah eu também sou assim...Igualzinho.
Ai eu tive vontade de gritar, de esbravejar de todo pulmão!
- você não é assim nem em um milhão de anos. Você não seria assim nem se sua vida dependesse disso!
Mas não gritei. Sorri e dei um gole.
Fiquei com medo de ofender o esforço da lua.




*astronomia.
Aspecto que tem um planeta ou um satélite quando se apresenta dividido ao meio, metade claro, metade escuro.

Vergonha

Recife, dia 11 de abril

Acredito piamente que minha mãe me fez um desfavor na vida.
Coitada.
Quando eu era pequenininha, devia ter uns sete anos, me lembro que alguém na minha escola tinha dito que gostava de mim. Eu fui correndo falar pra minha mãe e ela disse a seguinte frase.
- Se alguém gostar de mim de verdade, eu vou acabar gostando dele também .
Pronto foi o suficiente.
Na época isso me impressionou bastante. Achei que era assim que devia ser. Não tinha reparado como isso pode soar carregado de baixa auto-estima.... Eu sei, eu sei que o que minha mãe quis dizer e que devemos valorizar quem gosta da gente, não valorizar quem não nos valoriza, blábláblá, coisa e tal, mas o que acabou ficando em mim é uma total falta de personalidade quando alguém realmente se mostra se importar comigo. Eu nem quero. Tem vez que eu não me sinto atraída, nem acho o carinha interessante mas acabo ficando com ele. E nem é por pena não. Nem por que assim eu me acho o máximo. È por que eu não consigo contrariar, ser estraga prazeres de alguém que é tão legal ao ponto de ta louco por mim.
O fim da picada né.
Eu morro de vergonha disso. Mas é a mais pura verdade. Isso fica guardado nequele lugar junto com todos aqueles outro sentimento que quando remexemos chega dar um arrepio. Que vergonha, que vergonha( tipo a tiazinha do bolo, né Ana? Ta bom não resisti, foi mal)
Mas conto isso não para me senti melhor. Tô com as bochechas queimando de falar isso assim na lata, mais sim para que vcs possam entender por que tudo aconteceu.
Só pra recapitular, lembra quando no resumo que eu fiz, eu falei que eu conheci o socil do bruxo? Eu ate mandei vocês guardarem esse fato.
Pronto.
Começamos falar no MSN. Tudo inocente( isso existe no MSN?) E lógico que eu sabia que ele tava muito afim de mim. Mas depois da minha frustrante noite anterior eu precisava de uma boa massagem no ego. Então fui encontrar com ele e com um amigão em comum que tava fazendo aniversario. Por incrível que possa parece, acabamos indo para o mesmo lugar GB da noite anterior. Em recife tudo acaba sendo meio previsível.
De cara eu logo saquei que não existia a menor possibilidade de eu ficar com o menino das estrelas (Ele sempre enchia minha caixa de mensagens com estrelas , mandava céus de presente pra mim). Sem chance. Ele era pivete. Bobinho. Feinho. Atrapalhado. E tinha umas idéias completamente nerds e se mostrou bastante homofóbico, o que pra mim já era suficiente para nunca mais olhar na cara dele. Mas ele parecia tão apaixonado. Tão desesperadamente ansioso. Tão desastradamente inseguro. Que eu nem sabia o que fazer.
Então aquela angustia me contagiou. E como ele não sabia onde colocar as mão, acabei colocando a minha na mão dele. Era como se fosse uma declaração: Calma..shhhhhhhh....vai acabar tudo bem.
Mas claro que não foi isso que aconteceu. Ele segurou em minha mão e olhou nos meus olhos. E toda a mesa que estava contagiada, acompanhando o drama do menino suspirou aliviada em uníssono. O que eu poderia fazer? Tirar a minha mão e gritar: Não é nada disso que vocês estão pensando gente. Eu só quis acalmar o menino!!!!!!
Não dava né? Ai ficamos lá de mãos dadas. E eu pensando ai meu Deus. O que eu faço?
Conclui logo que minhas opções não eram lá essas coisas...
1- Podia fingir um ataque epiléptico e esperar que a ambulância e os paramédicos me salvassem
2- Podia gritar : Olha um disco voador. E quando todos olhassem Sair correndo
3- Podia dizer que eu sofria da síndrome de touret e dizer que minha mão agarrou a dele num espasmo involuntário.
Ou podia não fazer nada. Que foi o que eu fiz.
Ai, num gesto impensado eu disse: vou buscar uma cerveja. Já tínhamos saindo do restaurante GB e estávamos bebendo num trailer undregound, que como todo lugar undreground não tem garçom. Sei que foi uma manobra arriscada queridos. Fadada ao fracasso. E adivinhe?
Pois é. Ele foi atrás, obvio. E no meio do quintal do bar( è amigos paulistas, em recife os bares tem quintal) no escuro eu ouvi um Janaina, uma mão puxou meu braço e ele me empurrou na parede e me tascou um beijo.
O que eu podia fazer. Tenho certeza que esse foi o único ato de total segurança e decisão nos seus últimos 22 anos. Eu não podia simplesmente falar não, ta louco!
Vocês não tão entendendo. Ele é muito, muito tímido! Eu sou uma mãe agora. Eu não posso traumatizar o garoto. Eu tenho um menininho gente. Espero que as moças tenham essa consideração com ele se ele for completamente nerd, oras.
Enquanto eu dava aquele beijo interminável no garoto estelar, a consciência das implicações daquele beijo passavam na minha cabeça. Eu ia ter que sair dali com ele não era mesmo? E o pior de mãos dadas. Putaquepariu! Eu tenho um nome a zelar nessa cidade gente. Uma lista dos mais desejados bad boys do nordeste. Corações selvagens partidos pela titia aqui. Como eu vou desfilar com os mais nerd dos nerds na frente de toda comunidade rouqueira presente. Eu já podia ouvir os comentários rolando.
Ix , olha pra ali. Era uma menina extrema na juventude. ta ficando tiazinha........ficando com nerds.....daqui a pouco vai ta ouvindo Geraldo Azevedo e mandando telegramas fonados.
Porra eu demorei anos para construir uma imagem.
E nem me venham me recriminar com essa conversa de que eu sou mesquinha. Pequena. e que o mais importante e o interior das pessoas, que isso é o papo de radiologista. Tudo bem que quando você ta apaixonada ele pode ser gordinho, baixinho e careca que você acha lindo. Mas ninguém aqui falou em amor, falou? Estamos falando de dá uns malhos num muro, gente. Se você vai se passar a esse papel que seja com um cara alto tatuado e estilosissimo porra?
Tudo isso passava na minha cabeça ao mesmo tempo que eu fui percebendo que o moleque beijava bem pra caralho.
Eu não queria casar e constituir família mas digamos que eu aproveitei bem aquele escurinho.
Acabamos indo pra casa junto( calma, só indo junto, não pra mesma casa.) e as manobras que eu fiz para que ninguém nos vissem juntos foi digna de um bale russo.
Deixei o menininho em casa. Praticamente atirei ele do carro na frente do prédio dele. E passei o caminho inteiro morrendo de vergonha de mim mesmo e confesso completamente passada de como um bobão daquele podia ser tão gostoso.
Vai saber... Tô até repensando minha determinação de não ficar com bobões

segunda-feira, maio 08, 2006

Sinais

SINAL
substantivo masculino
movimento, gesto, manifestação que serve de advertência, ou que possibilita conhecer, reconhecer ou prever alguma coisa

Você acha que sua habilidade para ler sinais é normal?
Deve ser.......ou também você pode ser meio tapado. O que não deixa de tambem ser normal ate certo ponto. Sabia que um dos sintomas do autismo é a incapacidade de ler as outras pessoas? Isso é a parte que mais me assusta nessa doença.Deve ser foda Ate o dia de hoje eu achava que eu tinha uma boa leitura de sinais. Neste momento toda minha confiança se mostra um tanto abalada.
Bem, vamos do começo
O que vocês fariam se descobrissem, num surto de paixão por um moço que era platonicamente seu amigo mas que antes disso foi seu rolinho e mas atrás no tempo ainda seu namorado? Foda né? Talvez o mais sensato fosse fazer nada ou mesmo sentar na calçada e chorar. O marinheiro em cima do mastro com sua luneta já gritava “merda a vista” a algum tempo mas meu barba Azul interno teimava em ignorar.
Como eu me considero uma pessoa de culhão resolvi dizer tudo na cara dele.
Bem, não assim pessoalmente... Resolvi dizer tudo na cara dele pelo MSN que é bem mais seguro.
Ta bom...Resolvi dizer tudo na cara dele pelo MSN instantes antes de eu pegar um avião e correr para 2840 km de distancia. Mesmo assim não me acho covarde não. Ele por sua vez não disse nada e desejou boa viagem.
Um mês depois voltei pra recife. Tínhamos nos falado pouco e quando ele soube que eu tava na cidade aparentou uma real satisfação.
Pra falar a verdade, radiante seria a colocação mais certa, mas é que radiante parece meio gay, e ele não é gay. Pelo menos eu acho.
Esse foi um primeiro sinal, certo? Então vai anotando.
2- me chamou para produzir um programa em que ele tava trabalhando, o que invariavelmente faria nos ficarmos horas e horas em contato.
3-Falou que queria muito me ver aquela noite. Na verdade não aceitou um não como resposta, e olha que eu tentei.
Tentei, não por cansaço, afinal eu tinha acabado de chegar na cidade, ou por querer ficar com minha saudosa família ou qualquer coisa sensata do tipo. Mas sim por que o 1° encontro ( era o primeiro depois que eu tinha falado minhas egunda e terceira intenções com a sua pessoa) requer toda uma preparação.
Começamos com um chec list. Cabelo:ok. Unhas: ok. Depilação(isso e importante):ok e o principal, o figurino.
As escolha do figurino num encontro importante exige no mínimo que você obrigue a suas amigas a irem na sua casa, ou na impossibilidade disso. atrevesse a cidade com todo seu guarda roupa na mala do carro. Desfile pra elas qualquer peça que você ou elas possuam que possa, remotamente, aparecer em publico. E ai você vai colhendo opiniões abalizadas e cientificas tipo, essa calça deixa sua bunda quadrada ou você não tem peito suficiente para usar esse decote. Ate que por fim, bingo, o modelito especial é encontrado.
Mas eu já contei que eu tava em recife não contei? Não possuía ninguém em que eu confiasse na cidade para desempenhar esse papel( que saudades de tu Monique). Ate passou pela minha cabeça me fotografar em vários figurinos e mandar para minha conectadas amigas paulistas. Mas desisti. E não por me sentir ridícula fazendo isso( meu senso de ridículo geralmente tira folga nessa horas) mas por que a única pessoa disponível no momento era Tiãozinho. E apesar que de uma inteligência prodigiosa, pra não dizer beirando a genialidade e eu condenação motora que já vislumbra as possibilidades de uma carreira como neurocirurgião, o pimpolho ainda não sabe usar uma câmera digital.
Mas como não é sempre que temos sinais tão fortes de que a noite promete. Resolvi tentar um vôo solo, e sem pára-quedas.
Devo confessar que minha decisão também foi influenciada por uma teoria totalmente cientifica onde a chance de você ir para cama com alguém e inversamente proporcional a qualidade de sua calcinha e de sua depilação. E antes que vocês duvidem do rigor cientifico deste postulado, pensem. Quantas vezes vocês estavam na maior pegação e a caminho do quarto se deram conta da calcinha horrível que você tava usando ou da sua semelhança, em determinado ângulo, com Monga, a mulher gorila? Pois é...
Então, foi cheia de esperança que eu calcei os meus sapatinhos vermelhos( literalmente) e rumei pela estrada de tijolos amarelos que liga Boa Viagem à várzea.
E antes que vocês digam que o fato de ele não me pegar em casa era um menos enorme na minha lista de mais, esclareço. Ele tava entre carros. Tinha entregado o dele no sábado e só ia pegar o novo na sexta. Era segunda.
Ele tava lindo e usava a calça de grife que eu tinha dado a ele de aniversario e ele tinha dito que era meio arrumadinha demais ( 4 pros- pensou numa roupa pra me agradar. Vocês ainda estão contado não estão?). Fomos comer um lance num bar meio GB ( Obrigada a fofíssima Carol Ferreira pela atualização do meu vocabulário de classificação de botecos) mas que nos gostamos. Conversa foi. Conversa veio. E por mais que eu tenta-se encaixar a Coisa não ia para o rumo esperado.
Então a constatação que não ia passar disso foi me sufocando. O mundo começou a girar mais rápido e eu não conseguia me concentrar numa palavra se quer do que ele dizia. Minha cabeça era invadida por uma guerra do meu eu mais ingênuo e esperançoso, contra minha parte cínica de quem já viu tudo.

-Pôxa, ele deve ta esperando o momento certo. Fica fria. Isso não ia acontecer com você.
- Que nada sua trouxa. Não ta vendo que não vai rolar nada.
- Não pensa assim, ele é tão legal.
- Então fica vendo esse cara tão legal te fazer de boba.

As horas foram passando. E o meu lado Hard foi dando uma surra no Pollyana.
Então quando eu dei por mim ele estava descendo do carro na frente de sua casa as 4 e meia da manhã e me dando um humilhante beijo na bochecha. Falando: foi ótimo.
E eu coloquei o carro em movimento. Alguém que não era eu começou a a passar as machas e rumar para a longínqua praia de boa viagem, enquanto o meu eu,dentro da minha cabeça gritava: Como assim???????????????
Recapitulem comigo queridos leitores. Os sinais estavam claros não estavam? O que aconteceu?
Então eu tive a total sensação de autismos. Eu não sei ler as pessoas. Eu acreditei em minha capacidade por anos. Era ate bem segura dela.
E se isso for verdade? Será que eu interpretei errado muitas pessoa ao longo desses 28 anos?
Mas pensando bem, será que existe uma patologia que ao contrario do autismo faz você enviar sinais errado. Bem .........talvez isso se chame canalhice pura e simplesmente. Mas o pior e que eu não achava que era o caso de um simples filha da putisse. E vocês podem esta gritando: olha nossa amiga Polly ai gente!!! Mas sinceramente eu achava que não era tão simples.
A medida que a praia de Boa Viagem deslizava pela janela preta do carro, a raiva, a frustração, o sentimento de rejeição foi dando lugar a uma calma tremenda. Uma calma e uma sensação de alerta, daquelas que os gatos tem quando escutam algum barulho imperceptível pra nos humanos, que lhes coloca os pelos pra cima e as orelhas pra frente. Na hora que o carro virou na garagem nenhuma voz martelava mais na minha cabeça. Algumas pessoas vão ao Tibet atrás do silencio interior. Eu só precisei ir no Tepan. Eu tinha que saber o que tava acontecendo. Tudo isso tinha que ter uma explicação, ele não era um filha da puta.
Será? Eu tinha que descobri.
Mas como de monge eu não tenho nada. Se tudo isso não passasse de típica canalhice masculina era melhor que ele se preparasse para sinalizar bem claramente e em pouco tempo.
De preferência com uma placa de alertasse: Restos de esquartejamento na pista.

*Bar GB- Gente baixa
*Tepan- churrascaria de comida japonesa que é horrível mais que todo mundo vai em Recife
*Tiãozinho- gatão,alto e de olhos azuis. Razão da minha vida a pouco mais de 7 meses

domingo, maio 07, 2006

Antes do início

Fazendo um resumão daqueles de livro de literatura pra vestibular:

Menino e menina se conhecem. Na adolescência. Ela acha o jeito de tocar guitarra dele o máximo. Ele acha que ela talvez seja tão louca quanto ele. Ela acha o cabelo dele lindo e ele acha que ela fica ótima de preto. Eles se apaixonam. Ele faz solos pra ela, ela escreve o nome dele com corações no caderno. Mas ai, talvez por serem tão novos, as coisas pareçam mais inconstantes, precisem de dramas para alimentar suas alma inquietas e ela termina tudo. Ai segue-se a mais solos criados e mais garrafas entornadas por um amor que não teve nem a chance de ser colocado em pratica. E ela passa com sua mini saia preta e sempre para pra falar com ele. Ele sempre faz cara de mal, e fica de braços cruzados deixando claro que a banda que ta tocando e bem mais legal que ela, mas no fim, pega na sua mão e olha nos seus olhos. Não fala nada, mas ela entende tudo. Só que ela se sente presa, ansiosa por uma vida por viver, para que as coisas de verdade aconteçam. E acha, com a sabedoria dos seus poucos anos, que aquele cara naquele momento, naquele lugar não é o certo pra ela. E que ta tudo só começando. Eles vão ter tempo depois.
Então o destino a leva para terras distantes. Pro frio e para promessas de uma vida realmente viva. Ela vai de peito aberto, como só conseguimos ir quando ainda não somos cínicos. Mas ela sempre volta. Nas férias, no carnaval, no aniversario da mãe. E eles inauguram uma nova fase. A fase da ida no cinema assistir filme que ele finge gostar pra agradar ela. Dos beijos embaixo d´agua na piscina da casa dela no seu aniversario. E dos encontros por acaso na festa constante que é a vida de uma pessoa que mora longe quando visita sua verdadeira casa. Tudo é muito leve, sem dramas e sem possibilidade de realmente ser. Afinal ela ta lá só por alguns dias...
Ela tem outros amores. Ele namora um tempo a atual mulher do primo dela. Eles riem disso quando atualizam suas vidas num de seus encontros. Mas ai é a vez dele ir duelar com moinhos de vento na longínqua terra de Dom Quixote. Vai sem nem dizer adeus. Ela não tava na cidade nessa época.Quando ela chega, acha legal ele ter ido e nem liga.
O tempo passa. Mais amores eles vivem. Ele, alem de publicitário, vira chef de cozinha. E trabalha em farmácia, o que segundo ele, lhe dá uma habilidade impar em estacionar carros e acender isqueiros defeituosos. Como, é um mistério. Ela fez varias aquisições, a mais importante, um menininho de olhos azuis que atende pelo nome de Tiãozinho.
Passaram quatro anos sem ter noticias, pois ao contrario dela, ele não vinha em casa nem no aniversario da mãe, nem no carnaval, nem nas férias, nem em nada.
Ela foi sentindo uma saudade dele. E sonhava com ele de vez em quando.
Ele.....Na verdade não se tem registro do que ele sentia. Só que colocou em pratica sua fama de brigão e saiu no braço com metade da Espanha.
Um dia ela vai pra casa. Por um motivo horrível. Encerrando a dura entrada definitiva mundo dos adultos. Com seu bebe recém nascido e seu pai morto. E eles se encontram. Por telefone, ele consola ela e ela fica feliz em ouvir a voz dele. Trocam MSN, coisa que se existisse no começo da nossa historia talvez tivesse deixado tudo diferente.
E começa a fase das mensagens instantâneas. Tudo bem inocente. Ela vai no tarólogo que lhe diz que ele é o homem da sua vida. Ela acha graça. Ela vai pra recife e liga pra encontrar ele. Depois de uns desencontros, eles marcam. Ela pergunta se ele ta namorando. Ele fala que tem só uns rolinhos. Quando ela o vê do lado do carro, sente um frio na barriga. Não lembrava que ele era tão interessante. Ele é um homem agora. Passam a noite conversando. No final se beijam e ele a chama pra dormi com ele. Ela vai. Eles estão completamente bêbados e nada da certo. Eles brigam. Depois fazem, as pazes quando ela vai ao trabalho dele e conhece seus sócios (guardem essa parte). Resolvem ser só amigos. E se encontram outras vezes aonde conversam por varias horas sobre tudo. Mas não há lugar mais pro beijo em baixo d´agua, nem em cima d´agua, nem em canto nenhum pra falar a verdade.Ela se descobre apaixonada e no ultimo momento antes de voltar para casa, se declara covardemente a ele pelo MSN. Ele se diz chocado e deseja boa viagem. Ele larga o trabalho, e eles se falam raras vezes depois disso. Ela fica amiga do ex-sócio dele. E passa varias hora com ele no MSN. Ela resolve passar um tempo em recife. Ele fala que quer encontrar com ela. E ela vai.

Pronto, é isso. Acho que deu pra vocês se inteirarem de tudo. Podemos começar.
Apertem o cinto